sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Salvação requentada


- Seu CPF, senhora.
- É... Ham... Valha! Sei não. Paraê... Aqui, procure aqui nesta identidade, moça, fazendo o favor.

(Seus dedos velozes açoitam o teclado.)

- É crédito ou débito?
- Crédito.
- Sua senha.
- Minha senha... E agora? Minha filha, quem souber morre.

Rimos. Eu, para não chorar. Olho bem o teclado da maquininha e meus dedos percorrem mecanicamente o desenho habitual. Transação aprovada. Ufa! No caminho de volta com as compras fico pensando se opto por drenagem linfática, ou uma terapia alternativa dessas da moda. Um tempo desses alguém quase me convenceu a tentar uma tal de Constelação Familiar. Voltar pro tai-chi...Hum, bom. Yoga? Talvez o Tad tenha razão e eu deva aderir ao microondas.

- Cé, você tem um microondas?
- Não (a casa é vegetariana e com mania de comida fresca).
- Pois neste ano novo você vai precisar.
- Vou?
- Sim. Porque se o problema é cozinhar, segunda-feira a senhora cozinha. Prepare o cardápio. Segunda vatapá,  terça berinjela, quarta brócolis, enfim, a senhora cozinha na segunda, congela, e o resto da semana vá cuidar da sua vida. Binha, a senhora não veio pro mundo a passeio. Vai viver doente, é? Tem coisa que só depois a gente sabe porque aconteceu. 2014 é seu ano, portanto, compre um microondas.

Ele me disse, não sem antes me lembrar que o que se passa eu já tinha previsto na calçada de uma igreja no Recife Antigo. Língua maldita. Intuição dos infernos. Rio de novo. E pelo motivo de outrora. Ah, os amigos! Será mesmo mais um eletrodoméstico no doce lar que reabilitaria mio cuore?
É... Pois é... "Tome conta do que vai dizer".

Ass.: Marion.

P.S.: Não bastasse a força das palavras, eu ainda adoro uma caixa alta.






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