domingo, 5 de janeiro de 2014
Lettre d'Amour 2ª temporada (2)
Querida Charlotte,
Perdoe Catherine pela abordagem. Ela está, assim como Hélenè e eu, preocupada com o estado de Marion. Não te avisamos antes porque temos acompanhado a tua luta para reocupar o teu espaço, retomar o ofício do modo como deves e mereces, depois de tanto sofrermos os desajustes, as diferenças entre nós, te amarrando a uma realidade que não condiz com a tua natureza. Preciso dizer que mesmo Hélenè reconhece o valor de tuas conquistas, que nos fazem a todas vitoriosas.
Pois bem, Marion está doente. Seu corpo pedece de males originalmente emocionais. Males que não conseguimos desvendar e que ela, inerte, não tem condições e, creio, nem vontade de revelar. Não temos conseguido reverter os sintomas, apesar dos esforços.
Catherine até tem se ocupado da cozinha, imagine. Tenta retribuir todo o bem que Marion lhe proporcionou sempre. Ontem mesmo preparou mjadra, certa de que restituiria as forças à nossa Pequena, como acontece com ela própria, cada vez que Marion lhe oferece este prato. Operação mjadra, te lembras? Desta vez as lentilhas não surtiram qualquer efeito.
De uns dias para cá, no entanto, tornou-se indisfarçável uma tensão entre Marion e Hélenè. É um dado importante que não consigo decifrar e Hélenè, bem, não esclarece nada, apesar de muita insistência minha e de Catherine. Parece culpada. Ontem mesmo, antes de dormir, preparou com todo zelo um chai, destacando o cardamomo do jeito que Marion aprecia, deixou a xícara na mesinha de cabeceira da Pequena, que não tomou sequer um gole. Hoje de manhã Hélenè recolheu e jogou na pia. E ficou ali por muito tempo, catatônica, depois que o líquido escorreu todo e rapidamente pelo ralo.
A única coisa que Marion conseguiu falar nos últimos dias, foi um estranho pedido. Implorou para que eu, e não você, me ocupasse de Luiza e Aurora. Mas não explicou porque não suportaria ver você, Charlotte, representando tais papéis. Isso lhe diz alguma coisa? Então, eu posso? Confesso que já havia pensado que para você seria muito desgastante mesmo, já que a francesa lhe exige tanto e você não se poupa nunca, não é?
Você precisa vir. Marion precisa do que só você lhe pode oferecer. Aguardamos sua visita.
Um abraço, querida.
Sua sempre Isabelle.
(Por Ceronha Pontes)
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