sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Para Mia Lil



Pense bem, Mia Lil, quando foi que você me enxergou? Sem nada que não me pertencesse ou traduzisse de fato? Não teria sido no exato instante em que me desamou? Contando que alguém amasse o que não vê, não sabe...
Por trás das tuas lágrimas solidárias, faz festa o teu gozo, enfim, sobre o que julgas minha covardia. Não digas que não, não é vergonha. Humano, apenas.
Danças onde me enterro. E me enterro no chão que outrora te roubei ou, mais verdadeiro, roubou-te a fantasia que fazias de minha figura triste e empenhada já, noutro modo de amar. O qual, apesar das certezas todas, conseguiste desconfigurar. Gostas do verbo, pois não? Des-con-fi-gu-rar. E é fato: quando te moves, desconfiguras tudo ao teu redor. Ao teu redor, eu, distraído, passos tímidos, dancei. E dancei. Me ferrei, eu quero dizer, Mia.

Teu, o verdadeiro,
Frederick.

(Por Ceronha Pontes)


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