sábado, 5 de julho de 2014

Intervalo II


PELO SABOR DO GESTO

"Eu já toquei o amor pelo sabor do gesto,
Confesso que perdi, me diz quantos se vão?
Paixões passam por mim, amores que têm pressa
Vão se perder em si."
(Zélia Duncan)

Demorando a vir com o próximo capítulo porque fui buscar a receita lá no meu sertão. Ela está assando num forno à lenha que me comove por demais e talvez eu nem encontre o jeito de dizê-la senão pelos convencionalíssimos ingredientes e modo de preparar. Trata-se dos biscoitos citados na introdução da série, super representativos da cozinha da Vovó. Desconfio que nada do que eu componha os fará enxergar a minha Avó tal como foi, como é e será sempre aqui muito dentro de mim, ou, ao contrário, aqui no mais dentro de dentro dela, onde me fiz. Então admiti e assumo agora este segundo intervalo.


Entre a sopa de abóbora do capítulo anterior e o que virá, a viagem até Tamboril passa necessariamente pela capital, Fortaleza. Lá o meu amigo do peito, Rogério Mesquita, tomou conta de mim. Desde me buscar no aeroporto, levar pra jantar com outros amigos e depois pra dormir no conforto e acolhimento de sua casa. Entre os diversos e muitos assuntos, aquele filminho francês que ele me deu de presente porque sabia que eu ia adorar e, adorei: Les Chansons d'Amour. Já o citei outras muitas vezes aqui no blog. Além de falar um monte e apaixonadamente sobre a Chiara Mastroianni (enquanto eu sempre que penso no filme é muito pelo Louis Garrel), Rogério veio me dizer da versão da Zélia Duncan para uma das canções que mais gosto do filme: As-tu déjà aimé. E eu não me canso de ouvir. Sem contar o Fernando Pessoa sempre nos estendendo, outro presentinho da Duncan nesta gravação. Repasso, como cada uma das receitinhas aqui compartilhadas, acreditando absolutamente no valor de servir "o bom da festa de um jeito mais feliz".
Bon appétit.

Ceronha Pontes



"Não me ame tanto, mas me ame por muito tempo". Algo assim.


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