domingo, 4 de setembro de 2016

ESCAFANDRISTA



Quero morrer, mas, que grandessíssima merda, não estou vencida. Ainda tenho um escafandro. Visto-o.  Afundo.  Cá embaixo vejo o que sequer teve tempo de ser inventado, desgastado, abandonado ao mar. Recolho o que não foi. Derramo-me nessas águas fundas e sei que na superfície o mar parece ameaçador, posto que o faço crescer enormemente com meu sal. 
Um vestígio seu, eu imploro às forças da natureza.  Um sinal, um gosto. Mas é tudo sal, e sal em excesso não realça o sabor. Mata-o.  
Mate-me!


Ceronha Pontes

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