domingo, 6 de outubro de 2013

LIVRO ESCANCARADO


Uma vez visitando a amiga Vanina Fabiak lá na sua Buenos Aires, enxerguei-a melhor. Havia um monte de coisas sobre ela que só era possível perceber ali, no seu lugar. Coisas que no Ceará, onde convivíamos, ficavam abafadas e não por mal, é claro. Uma incompletude natural, me pareceu, depois de vê-la inteira, e pode ser que tudo não passasse de impressão minha, nunca conversamos sobre. 
Tenho pensado nisso procurando por mim. Tem uma aqui dentro que só é possível "em casa". Lembrando que gosto tanto e sou infinitamente agradecida a quem tente ou tenha tentado fazer felizes os meus dias longe de lá. Carinho e acolhimento são tesouros que reconheço, mas, está para além disso e não se tratará jamais de ingratidão. 
É até verdade que o nosso lugar não precisa necessariamente ser o chão onde fomos paridos. Tem muita gente do sertão que tem a alma patagônica, ora bolas. Comigo não. Esta alma desambientada e dormente vaga por aqueles quase 300 km que unem Fortaleza ao meu Tamboril. Hoje mais do que em qualquer dos dias recentes. Na ânsia de improvável breve regresso, tenho suspendido a vida de um jeito que, se me hostilizam sofro, mas, se me convidam, pioro. Perdida em que "nada será como antes", feito a canção do mineiro, enquanto o "alvoroço em meu coração" clama pelo "luxo da aldeia":




Ceronha Pontes
Recife-PE, 06 de outubro de 2013


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