domingo, 1 de julho de 2012
Na Praça
Ainda que se exponha num blogzinho furreca recheado de meias palavras, pior, que se exiba e revele no palco sem nenhum aparente constrangimento, não se iludam, esta que vos fala é um tipo acabrunhado.
Não sei, juro por meu Santo Anastácio, não sei mesmo por qual merecimento (e sou toda agradecida) a vida me aproximou de figuras da maior importância por seu fazer artístico, que por sua vez decorre de sua natureza humana da melhor qualidade. Ah, porque eu mesma, assim, por minha própria conta, nunca teria coragem de abordá-los, dizer-lhes o que sinto frente à sua obra e pessoa, quanto mais ganhar-lhes a confiança, o conhecimento de minha existência. Não eu, que muitas vezes fiquei foi muda, inerte, apavorada no contato com uns desses. Nuances de uma auto-estima comprometida, mas isso não vem ao caso.
Só pra ilustrar, há alguns anos, quando fui viver na região da tríplice fronteira (Brasil-Argentina-Paraguai), fiquei sabendo que um diretor teatral e seu grupo desenvolviam trabalho de alta relevância estética e política ali em Asunción-Py. Fiquei doida de curiosidade, saber sua história e tal. Meu marido então descobriu contatos, providenciou viagem e ainda serviu de mediador enquanto eu roía as unhas dentro da cabine telefônica (já em terras paraguaias) de onde ele teve a primeira conversa com o referido artista. Assim, pá-pum:
"Hola, que tal? Nosotros somos una pareja de brasileños e bla,blá,blá..."
Quando dei por mim, estava já na sala da casa do cara, fazendo o jogo do invisível enquanto meu digníssimo cônjuge, sorrisão estampado, papeava feito fosse desde a infância. Demorou para que o moço percebesse que a interessada era eu. Ele é de fato grande e rara criatura. Seu trabalho, magnífico! Os desdobramentos foram os mais felizes e reverberam ainda, agora e sempre, mas, entendam, por pura sorte minha de ter um companheiro desencanado e de bem consigo.
Tais revelações, por certo de nenhum interesse dos meus visitantes diários anunciados pelas estatísticas do veículo, só pra dizer que toda essa agonia, no entanto, não seria barreira que me sustentasse diante do sujeito que vem no vídeo a seguir, já várias vezes citado aqui no blog como estando entre os meus autores preferidos e não apenas pela beleza da sua composição, mas por seu privilegiado olhar sobre a Humanidade e a História. Com este (tamanho fascínio exerce sobre mim), se eu cruzasse na praça, faria igualzinho aos jovens que o cercam no vídeo, tentando inclusive encontro para o dia seguinte, a vida restante...
Ceronha Pontes
01 de junlo de 2012
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Fiquei parada na frente do "not" ao final desse depoimento, do pensamento recheado de emoção que esse homem transmite. Obrigada por nos apresentar seus preferidos por aqui e na vida, esse ser, Galeano, é mesmo muito especial.
ResponderExcluirJá sobre o mote do post, eu sou daquelas que não preciso de tanto pra me apresentar. rsrsrrsrs
Um beijo.
Noooossa! Pois se é sorte, não é pouca não! Se me permite: PUTZ!!
ResponderExcluir"Não importa de onde vim,mas sim aonde quero chegar"
ResponderExcluirTive o privilégio de ouvir o Galeano em uma palestra de lugares disputadíssimos,mas nada se compara tomar um cafezinho com o "SUJEITO" e ver de perto o seu "privilegiado olhar sobre a Humanidade e a História."
Socorro, pois tou com a maior invejazona da senhora, "visse"? Minha filha, quando "Eduardinho" pintar pelo "Ridjanêro", de novo, me avise e abrigue, que aí vamos as duas tentar arrastar o cabra lá pro Amarelinho do centro. Beijos pras três. Lili, Isabel e tu.
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