terça-feira, 2 de novembro de 2010

Sem...


Talvez teu pai. Mas, é morto. Agora, e tua mãe, porque diabos tampouco se importa contigo? Que é de teu filho com aquele? Como é que de menino se escolhe não ter mãe?
Quando me amas, me iludo de que aquilo que sentes é tão vigoroso quanto o que me move. Mas, é acordar pra morrer de vergonha. O que há de mais constrangedor que despertar ao teu lado? Nu, sobretudo. Tu és tão de ti mesma, mulher!
É quase obrigação de quem te ama, te deixar. De outro modo, como escapar da insignificância que corrói lenta? E mata.
Um movimento teu...

(Longo silêncio)

Se desperdiço esta lufada de dignidade nunca mais respiro. Eu vou.

(E também ele a deixou. Não que ela não tenha tentado a palavra não dita mas, tinha como verdade irrevogável o respeito à liberdade. Não ousaria impedir que decidisse por si mesmo quem quer que fosse o outro.)


CERONHA PONTES
Recife, 02 de novembro de 2010


extra de luxo:

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