Rastejava fina, toda embriagada na poesia. Este mau serviço prestei ao mulherio. O sujeito a quem eu desejasse ficava com o ego de tal modo inflado que ainda hoje tem a mania feia de fazer sofrer a quem lhe ama, só pra ver se do mato sai alguma coisa que lhe valorize o currículo.
Sei de um que guarda trancado em cofre um antigo bilhetinho meu, escrito à álcool e desespero. Imaginem! Decerto para que o encontrem quando, depois de morto, vasculharem seus pertences. Deixar como última impressão a de que foi amado. O que envaidece mais a pessoa do que não corresponder ao amor de Ângela? Fosse ou não fosse verdade, está lá bem escrito e o diabo é quem vai duvidar. Amado. Por mim, se dêem a importância que precisam. O que me custa? Sinto é falta. Era divertido. Ah, se ainda soubesse como é que desatina! Triste do fim sem zoada.
Perdi a vocação pro abalo quando o Fulanim, sem um pingo de sal, se abancou na minha vida feito o terceiro da Terezinha de Chico. Como é que pode o verdadeiro amor vir embalado com tão pouco glamour? Não rende uma travessia pro lado de lá da razão.
Bom era a fissura, pulso dilacerado, voar de um precipício, pilulinhas me fazendo carreira na goela. Acode! Valia até tuberculose.
Agora assim, o sofrimento pianinho, a fé no futuro, agradecida pelo tempo que durou? Ah, isso já é demais! Mané Fulano me paga pelo estrago.
CERONHA PONTES
Recife-PE, 12 de novembro de 2010
Salve Gainsbourg!
Salve Gainsbourg!
Nossa, foi inebriante! Viajei,literalmente,com essa música ao fundo.
ResponderExcluirAplausos calorosos a você!
Amo o que escreve, este em especial por citar Angela, o que me remete a Um sopro de vida de Clarice... Parabéns, sigo-a e a leio sempre!
ResponderExcluirM.
Aplausos!!!!!!!VocÊ escreve muito!Parabèns
ResponderExcluirLindo texto!
ResponderExcluirSei que é bom o descabido... mas melhor ainda é o pianinho...
Tem um presentinho pra vc, lá no meu blog.
ResponderExcluirhttp://outratravessia.blogspot.com/
Beijos,
Hertenha Glauce (HG)