Tal e qual em alguns recantos do nosso litoral nordestino, a Cuzco de vitrine, pra turista tonto ver, pertence ao Estrangeiro. Seus lindos restaurantes, hotéis, lojas: do Estrangeiro. Aqui o Estrangeiro compra uma montanha inteira para saquear seus recursos e então devolve aos nativos uma terra onde sequer uma batata crescerá. Dessas coisas é capaz o Capital Estrangeiro.
É EFRAIN, um homem simples, descendente dos Incas (seus pais nunca falaram espanhol, mas quechua, a língua Mãe), quem nos faz admitir que não avançamos do estado de Colônia. E é também Efrain quem nos dá outra lição de resistência e dignidade. Conta-nos a história de sua família "sin economia". Diz de sua hermanita levada por um médico e sua esposa, que juraram tratá-lá como filha, mas obviamente alimentaram uma indiazinha escrava do lar. Nos conta como cresceram os outros filhos em meio às platações de té. De como conseguiu estudar e ainda cursar um ano e meio de belas artes. Também não teve "economia" para concluir o curso, e etecéteras provocadores, além de comoventes. Alguns em quechua, a língua da qual muitos cuzqueños, ou antes peruanos, se envergonham, porque restou como língua de gente simples camponesa e só agora, tardiamente, adotada em algumas escolas. Foi uma longa conversa com este homem cuja autoestima não o faz duro, mas gentil, seguro, digno. Enfrain, em sua simplicidade, inteligência e doçura, é o tipo do homem com quem o colonizador não pode. Efrain é um homem que não se deixa seduzir pela cara plastificada do Estrangeiro e suas promessas. O coração e o sangue de Efrain não são corrompíveis. Efrain é um livre e resistente e muito honrado descendente do povo Inca. A Efrain não importa a riqueza conforme o conceito do Estrangeiro. A ele e aos seus, importa que Pachamama* seja respeitada e dela tenham o que lhes faça viver. Viver é muito. Viver com liberdade é muito mais.
Ceronha
Cuzco, Peru.
05/04/2014
* Pachamama é terra, em quechua.
É EFRAIN, um homem simples, descendente dos Incas (seus pais nunca falaram espanhol, mas quechua, a língua Mãe), quem nos faz admitir que não avançamos do estado de Colônia. E é também Efrain quem nos dá outra lição de resistência e dignidade. Conta-nos a história de sua família "sin economia". Diz de sua hermanita levada por um médico e sua esposa, que juraram tratá-lá como filha, mas obviamente alimentaram uma indiazinha escrava do lar. Nos conta como cresceram os outros filhos em meio às platações de té. De como conseguiu estudar e ainda cursar um ano e meio de belas artes. Também não teve "economia" para concluir o curso, e etecéteras provocadores, além de comoventes. Alguns em quechua, a língua da qual muitos cuzqueños, ou antes peruanos, se envergonham, porque restou como língua de gente simples camponesa e só agora, tardiamente, adotada em algumas escolas. Foi uma longa conversa com este homem cuja autoestima não o faz duro, mas gentil, seguro, digno. Enfrain, em sua simplicidade, inteligência e doçura, é o tipo do homem com quem o colonizador não pode. Efrain é um homem que não se deixa seduzir pela cara plastificada do Estrangeiro e suas promessas. O coração e o sangue de Efrain não são corrompíveis. Efrain é um livre e resistente e muito honrado descendente do povo Inca. A Efrain não importa a riqueza conforme o conceito do Estrangeiro. A ele e aos seus, importa que Pachamama* seja respeitada e dela tenham o que lhes faça viver. Viver é muito. Viver com liberdade é muito mais.
Ceronha
Cuzco, Peru.
05/04/2014
* Pachamama é terra, em quechua.
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