sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Crônica do amor escurecido nº1 (fragmento)



MARGUERITE-  Pois é moço, uma gente tão endinheirada e essa desgraceira toda. Ave Maria três vezes! É sim senhor, moça de recurso, nascida nesse berço todinho que deram notícia, veja só, e gostava de viver aqui, misturada com a gente. Era minha amiga. Não tou lhe dizendo? Escrevia umas coisas engraçadas. Umas até bem esculhambadas, que moça fina também é chegada na putaria. Mas não quero nem saber. Boazinha como fosse, eu mesma não me achego em desgraça. Podendo evitar? Sou amiga da onça mesmo, que a vida já não teve pena de mim, então não posso ajudar. Tou fora. O senhor vai beber o quê?

Ceronha Pontes
10 de Agosto de 2012


Nota: Fragmento da primeira de um conjunto de três peças curtas de minha autoria, que se chamará Crônicas do amor escurecido. Especialmente compostas para a aula-espetáculo que encerrará a oficina Ator- Poesia em carne viva. Breve, no Espaço Coletivo- Recife Antigo.

Extra:


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