sábado, 11 de agosto de 2012

Crônica do amor escurecido nº 2 (fragmento)



"E do meio do mundo prostituto
Só amores guardei ao meu charuto!"
                                        Álvares de Azevedo

NEIDE- Olha, não rolou. Quem disse que rolou? Tu vê poesia em cada coisa, meu Louro. Puta, sarjeta, o escambau. Tenho pra mim que é esse teu charuto aí. Pior que o crack, pode crer. Pior que o pó. O bolor da livraiada toda também não deve fazer bem pras tuas ideias. Cada lapa de traça nesses livros, menino, roendo teu juízo. Deixa disso. Olha pra mim. Não rola. De que romance foi que tu saiu, criança? Acorda. Tou me mandando e tu não me apareça. Erva daninha, sacou?  Puta papa-anjo. Puta mata-anjo. Que me ama o quê, bonitinho? É lombra. Menino, abre essa porta. Abre essa porta agora, garoto. Abre essa porta que eu tou mandando, caralho!

(Estampido.)

Ceronha Pontes
11 de Agosto de 2012

Nota: Fragmento da segunda de um conjunto de três peças curtas de minha autoria, que se chamará Crônicas do amor escurecido. Especialmente compostas para a aula-espetáculo que encerrará a oficina Ator- Poesia em carne viva. Breve, no Espaço Coletivo- Recife Antigo.

Extra:

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