Quanta diferença comporta o mesmo sangue, meu Deus! O mesmo nome. O mesmo Pai.
Quero escrever que foi de repente, mas ela intervém com sua lucidez e franqueza constrangedoras, afirmando que era tragédia anunciada. Concordo. Não foi de repente mas, de uma vez, as vilezas todas à sua percepção. Não por gosto. Lhe enfiaram feito fosse milho em goela de peru engordado na marra pro Natal que não tarda. E de fato sempre odiou esta e outras datas que obriguem à farsa coletiva. Farsa, escrevo, e me pergunto se não é preconceito seu. Ah, que ainda me mata esta necessidade do politicamente correto!
Ei, mas porque diabos a festa de Natal entrou na conversa? Seja lá, também não temos porque recusá-la em território de tão livre e arriscada expressão.
Na casa nunca uma árvore enfeitada, nem visita de Papai Noel (não acreditam), nem ceia. Alguma prece. Em geral ela chora nesse dia e já desistiu faz tempo de tentar entender. Passa o ano planejando a fuga (porque afinal agregou-se a outras famílias). Nos últimos não conseguiu escapar e foi tudo absolutamente chato.
Vamos admitir que o tema se impôs porque lá muito no fundo lhe perturbará eterna dúvida: e se a sua tivesse sido uma família comum? Muito longe dela sugerir que "incomum" seja especial, acima ou abaixo de qualquer estabelecida média. É que não praticaram Natais, aniversários, bodas, feijoadas de domingo. Encontro algum que lhes pusesse frente a frente, reconhecendo sina comum. Caso estejam pensando que o dia-a-dia devia lhes bastar, devo esclarecer que também não tiveram dia-a-dia, posto que nasceram distantes uns dos outros nos anos e, por necessidade, saíam de casa muito cedo, cada um pra um lado, estudar na capital. Assim, quando vinha um, o outro já se escafedera. Absolutamente estranhos. Ela, particularmente, tem verdadeiro horror da impressão que os outros construíram a respeito seu e de suas escolhas, pois se enganam até quando olham com boa vontade.
Ali, o pai atraía todos os olhares, só raramente desviados para as artes da Mãe. E ele não fazia por mal. Quem pode com a natureza? Tem gente que simplesmente "chupa luz". Adora essa expressão, bem comum no ambiente em que trabalha. Pois bem, na casa, o Pai reluzia mais que tudo, relegando involuntariamente os outros à invisibilidade. E o fato é que, quando foram obrigados a se olhar, o espetáculo era (é) lamentável.
Ela peleja buscando no Velho referência primeira na investigação daquilo que os impede (apesar das diferenças assombrosas) a quebra definitiva dos vínculos. Por quê na veia de um o sangue corre assim e na de outro corre podre? Por Santo Anastácio, sirva o famigerado sangue para explicar ou aliviar! Há coisas envolvidas que escapam aos julgamentos oficiais, sentenças, etc. São coisas suas, só suas, por menos que queiram assumi-las. E o melhor jeito de conduzi-las terão de descobrir entre si. Ninguém de fora os SALVARÁ (mal posso acreditar que ela me permitiu este verbo). Ainda sobre o sangue, sobre o bem e o mal, eu não sei explicar a relação do veneno com a vacina (ou antídoto?), mas acho a metáfora libertadora, sei que me entendem. E ela há de concordar, nem que seja por preferir cobras e escorpiões a perus de Natal.
Os campos já estiveram carregados de cores e aromas. Se tudo murchou, não importa, a vida se renova. É sempre tempo de semeadura.
Puxa vida, escrevo isto com a melhor das intenções e ela...
Gosta de liberdade mas é toda trabalhada na censura. Tem aversão a mensagens assim, positivas. MESMO QUANDO PRECISA TANTO ACREDITAR.
Quer saber? FÔDA-SE! Não é você que adora um palavrão? Pois pegue estas mal traçadas linhas e meta... Meta lá... meta lá no seu... Furico, eu digo, com um esforço que lhe faz perder o fôlego. Gosto que ria assim. Rio com ela.
Ceronha Pontes
Recife-Pe, 20 de outubro de 2011
P.S.: De fato ela não crê (nem eu e nem você, admita) que estejam protegidas do mal as famílias comuns. Com todo respeito pelas suas festas natalinas. Desde que não a convidem, é claro. E isto é uma súplica.
Na casa nunca uma árvore enfeitada, nem visita de Papai Noel (não acreditam), nem ceia. Alguma prece. Em geral ela chora nesse dia e já desistiu faz tempo de tentar entender. Passa o ano planejando a fuga (porque afinal agregou-se a outras famílias). Nos últimos não conseguiu escapar e foi tudo absolutamente chato.
Vamos admitir que o tema se impôs porque lá muito no fundo lhe perturbará eterna dúvida: e se a sua tivesse sido uma família comum? Muito longe dela sugerir que "incomum" seja especial, acima ou abaixo de qualquer estabelecida média. É que não praticaram Natais, aniversários, bodas, feijoadas de domingo. Encontro algum que lhes pusesse frente a frente, reconhecendo sina comum. Caso estejam pensando que o dia-a-dia devia lhes bastar, devo esclarecer que também não tiveram dia-a-dia, posto que nasceram distantes uns dos outros nos anos e, por necessidade, saíam de casa muito cedo, cada um pra um lado, estudar na capital. Assim, quando vinha um, o outro já se escafedera. Absolutamente estranhos. Ela, particularmente, tem verdadeiro horror da impressão que os outros construíram a respeito seu e de suas escolhas, pois se enganam até quando olham com boa vontade.
Ali, o pai atraía todos os olhares, só raramente desviados para as artes da Mãe. E ele não fazia por mal. Quem pode com a natureza? Tem gente que simplesmente "chupa luz". Adora essa expressão, bem comum no ambiente em que trabalha. Pois bem, na casa, o Pai reluzia mais que tudo, relegando involuntariamente os outros à invisibilidade. E o fato é que, quando foram obrigados a se olhar, o espetáculo era (é) lamentável.
Ela peleja buscando no Velho referência primeira na investigação daquilo que os impede (apesar das diferenças assombrosas) a quebra definitiva dos vínculos. Por quê na veia de um o sangue corre assim e na de outro corre podre? Por Santo Anastácio, sirva o famigerado sangue para explicar ou aliviar! Há coisas envolvidas que escapam aos julgamentos oficiais, sentenças, etc. São coisas suas, só suas, por menos que queiram assumi-las. E o melhor jeito de conduzi-las terão de descobrir entre si. Ninguém de fora os SALVARÁ (mal posso acreditar que ela me permitiu este verbo). Ainda sobre o sangue, sobre o bem e o mal, eu não sei explicar a relação do veneno com a vacina (ou antídoto?), mas acho a metáfora libertadora, sei que me entendem. E ela há de concordar, nem que seja por preferir cobras e escorpiões a perus de Natal.
Os campos já estiveram carregados de cores e aromas. Se tudo murchou, não importa, a vida se renova. É sempre tempo de semeadura.
Puxa vida, escrevo isto com a melhor das intenções e ela...
Gosta de liberdade mas é toda trabalhada na censura. Tem aversão a mensagens assim, positivas. MESMO QUANDO PRECISA TANTO ACREDITAR.
Quer saber? FÔDA-SE! Não é você que adora um palavrão? Pois pegue estas mal traçadas linhas e meta... Meta lá... meta lá no seu... Furico, eu digo, com um esforço que lhe faz perder o fôlego. Gosto que ria assim. Rio com ela.
Ceronha Pontes
Recife-Pe, 20 de outubro de 2011
P.S.: De fato ela não crê (nem eu e nem você, admita) que estejam protegidas do mal as famílias comuns. Com todo respeito pelas suas festas natalinas. Desde que não a convidem, é claro. E isto é uma súplica.
Quando criança,ela seguia padrões e regras impostas por todos aqueles que a cercavam,participava de festas natalinas,entre outras comemorações(foge de todas). Hoje, muito criticada por algumas pessoas e pela família por não seguir o que julgam certo ou errado.Paga um preço(não se importa com isso) porque pensa diferente.É uma "Metamorfose ambulante," um estranho no ninho de uma famìlia comum.
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