terça-feira, 13 de setembro de 2011

sem título



Para Ihas


Noite de lua imensa esta. E linda. Ela estava assim também, quando o Papai se foi. É das poucas imagens que guardo realmente vivas. Começo de noite, vez em quando me voltava para apreciar o cortejo atrás de mim. Porque fui lá na frente (parte do tempo ao lado de meu Padrinho Helênio), sóbria, serena, cabeça erguida, orgulhosa do Edson. Aquela lua, nascida por detrás da Serra das Matas, um farol iluminando o grande final.
Me lembro que também o dia havia sido bonito. Fui de Fortaleza a Tamboril agradecendo as poucas e bem dispostas nuvens que se arrastavam lentas no magnífico azul, reverenciando meu Pai. O choro só viria depois. E era também bonito porque foi o mais carregado de amor que já derramei.
Tanta necessidade de encontrar beleza naquele que devia(?) ter sido meu dia mais infeliz (e foi bem o oposto), é porque tive tempo de vê-lo doer, doer, doer, doer até que me parecesse justa a morte. E não que seja melhor assim que de outro jeito. Nem pior. Meu olhar (instinto de sobrevivência?) elegeu esses lances, e assim me defendo.
Depois, como hoje, veria a danada chegar abrupta, metendo a sua foice no fio de quem tanto importa a quem amo. É quando me rendo às preces, pedindo aos deuses e ao Santo Anastácio que façam o que minha impotência não alcança. Urgentemente!, tenho vontade de gritar. URGENTEMENTE!  Chegue logo o tempo de quem amo vir que ter amado tudo, tudo, tudo, sem dever nadinha, nos devolve à calmaria.


Cé 
13 de setembro de 2011

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