sexta-feira, 9 de julho de 2010

ESTRANHOS (assim como na canção)



Ela chega uma legião trazida pela madrugada. Entra na ponta dos pés de tantas! Se espalha silenciosa fincando bandeiras pela casa. Depois, já desnuda, reagrega-se sob o chuveiro de onde a água morna que escorre demora rios a levar o cansaço de grande elenco.
Restando só uma, só ela de novo, acomoda-se ao lado do homem que dorme como se nunca o abandonasse.
Talvez ele sempre o fizesse, mas era a primeira vez que flagrava o seu despertar assombrado a procurá-la no meio da noite. Agora ela estava lá e se abraçaram como quem dependesse. Reafirmaram em silêncio antigas promessas e depois, muito depois, adormeceram um corpo de dois.
Quando a claridade se impôs, antes de abrir os olhos ela estendeu o braço ao longo da cama. O vazio. Era de dia que o mundo clamava por ele. Partira.
Quem conhece o lugar garante que também as bandeiras dele tremulam solenes. É território estranha, mas amorosamente compartilhado. Imune aos corrosivos das diferenças e desencontros.


"O seu planetário minha lamparina": http://www.youtube.com/watch?v=82vZitBmqIs

CERONHA PONTES
Recife-PE, 09 de julho de 2010

2 comentários:

  1. A insegurança e a capacidade de se renovar, ser conquistado a cada minuto.Tudo isso vale a pena se o amor não é pequeno.

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