Ouviam Dolores Duran. Não que estivessem tristes, muito pelo contrário. A tristeza, por Dolores metamorfoseada em beleza, era perfeitamente adequada ao instante.
A mesa estava bonita, ainda enfeitada com as flores da véspera. A comidinha suave sugeria delicadezas. Bebiam naquelas taças enormes, que são a predileção dela. O mundo parecia em paz. Vez em quando davam-se brevemente as mãos. Preferindo isto a falar.
Foi assim até que os versos de Castigo arrancaram dela um risinho e um suspiro, não sei exatamente se de malícia ou sabedoria, e então precisou do verbo.
ELA- "Eu tive orgulho e tenho por castigo, a vida inteira pra me arrepender". Era assim que se fazia música. A gente vem piorando, meu bem.
Dolores segue:
"Se eu soubesse
Naquele dia o que sei agora,
Eu não seria esta mulher que chora,
Eu não teria perdido você".
Ela ri de novo. Desta vez um riso escancarado, seguido pelo dele.
ELE- E pensar que isto já foi popular.
ELA- O popular do presente não permitirá ao futuro reunir pessoas em ambiente tão delicado. Medo grande do que virá desse tchu, tchá, tchá. Nunca te cales, oh, Dolores!
Próxima faixa: Ternura Antiga.
Próxima faixa: Ternura Antiga.
Ceronha Pontes
Recife-PE, 03 de janeiro de 2013
Lindo post. :)
ResponderExcluirQuerido, tomaremos ou não aquele café, antes de você virar um cidadão porteño?
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