segunda-feira, 7 de maio de 2012

A viagem (parte II)


Nem cheguei e a Vovó já partiu. A prima Eda me fez a maior inveja contando que, em companhia da Tia Zelinda, lhe pôs bonita dentro da última roupa.
Meu corpo é dormente. Padece de tristeza funda. Mas a alma salta, menina, em torno das melhores lembranças que se pode ter de uma avó. Inteligente, veloz no raciocínio, divertidíssima nas suas considerações.
Somos mais de 60, entre netos, bisnetos e tataranetos. Minha sobrinha Ana Luiza ficou ao lado do seu corpo miúdo, que demorou a deixar o conforto da velha cama por aquele troço lá, que nos aguarda a todos. Achei bonito isso. A Pequena se sabe amada e defendida pela Bisa e ainda tem a oportunidade de uma despedida sem rodeios, nem melindres. A morte faz parte. Aprenda-se. Preservando-se doce.

Ceronha Pontes (Cecé)
07 de maio de 2012.



2 comentários:

  1. Muita luz, viu Cé? É doído... As lembranças devem ser mesmo lindas e devem ficar na eternidade. Não cheguei a conhecer nenhumas das minhas avós, mesmo assim, as sinto muito perto. Beijos azuis.

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  2. Um casarão,ponto de referência para chegar em um coração que comparti(o)lhava o nascimento de netos e bisnetos.Um coração que abrigava uma família biológica e outras cativadas por ele.Coração de avó,casa de avó:Entrar sem pedir licença,deitar no sofá com os pés sujos,abrir a geladeira e perguntar pelo seu doce preferido,depois sair correndo e quando voltar,a certeza de encontrar a porta do casarão-coração sempre aberta.Um dia o inevitável acontece e a avó vai embora,o casarão-coração se transforma num abrigo de doces lembranças:O cheiro do bolo de fubá ,a voz que contava estórias....

    bjs.Cecé

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