quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Amor engarrafado, palavras ao mar...
(mensagens desencontradas, bobagens à deriva...)


F-
A primeira serenata, aquele
Campo Branco. Como foi que o Shakespeare da Bahia adivinhou que "todo bem que nós tinha era a chuva, era o amor"?*

D- Essas lembranças de ti, e que não puderam me arrancar! Te tenho. E me guardas. Confio.

F- Sonhei que eu ia morrer. Sou de sonhar estranho. Devo te consolar.

D- Há uma eternidade nenhuma baforada que me mate um pouco.

F- A canção amerelinha do menino da esquina... Se eu morrer não chore não, é só a lua... Não sei que lá, sol, girassol... E tem um lance tipo você ainda quer morar comigo. Ah, se eu soubesse! Ou será tarde demais? Lá,lá,lá... Ou será tarde demais?**

D- Amém! Um santo, um cavalo e um dragão. Pra uma lua que só eu sei.

F- Perfume. Qualquer coisa flor de laranjeira do gosto ruim pra cacete!

D- Eu não vou contigo, mas preciso que venhas me buscar. Que tu não desistas de mim é o que eu respiro.Cada vez que bates à minha porta eu sou eterno. Mesmo quando finjo que não estou, sou de mais ninguém quando tu vens.

F- Só mais uma noite inteira contigo metade vestido, metade bunda de fora, sentado com um dos pés sobre o sofá, um cigarro na mão e o pinto na outra. Assim, fumando e amassando com desdém o pinto, responsabilizando-o por todas as guerras deflagradas. "A culpa é desse negocinho aqui".

D- Ai de nós que estávamos lá, no descobrimento da foda!

F- O pensamento grita teu nome de um jeito que por pouco não nos trai a minha boca.

D- Como conviveriam a minha grosseria com a tua delicadeza, não sei. Mas, sonho é. Minha mulher!

F- Lá no tempo da incontinência urinária, discutir a qualidade do fraldão? Tempo, tempo, tempo...

D- Escolha: filha, puta, santa, minha trástica...

F- Te invadir por onde se possa meter, socar, enfiar, esfolar...

D- ...

F- Nada te apavore. O mal que faço é a mim. E já nem é tanto assim.

F- Até a exaustão desatar o choro, desfazer o engasgo, o entalo, o enfado dessa merda toda.

D- Eu não...

D- Tu não virias pra ficar.

F- Aqui. No fundo. O gosto. Ruim.

D- Não me espere num cavalo branco.

F- ...

D- E não me deixes.

F- Reconhecerás.

D- Virias?

F- Vaidade.

D- O amor é estranho. O mundo não pode viver sem ele, mas, ainda assim, o repele.***

F- Meu Rinoceronte.

D- Talvez a infinita distância seja o adubo. Ou o estrume? A covardia rega.

D- Cantar é dever. E os deveres ainda faço.

F- La lune brille pour toi.

D- Será que alguma vez eu me emocionei?

D- Minha Ursa.

D- Aqui. O fundo.

F- O gosto ruim.

D- Talvez eu chore.

F- É só a lua.**

D- Teus peitos, quando ficarem enormes, marrons...

F- É só poesia.**

D- Se eu chorar...

F- La lune...

D- Tatarena vai rodá, vai botá fulô (?).*

F- Tu sem chuva e a tristeza em mim.*
...
...
...

F- Isto e mais um tanto disto outro. Com Perfume. Eu sonhei.

D- Meu Deus!

F- Assim como era no princípio. Branquinho, branquinho...

D- Minh'alma vai florescer.*
...
...
...

(Senza fine)


"Sábios em vão tentarão decifrar
O eco de antigas palavras
Fragmentos de cartas, poemas
Mentira, retratos
Vestígios de estranha civilização"
(Futuros amantes - Chico Buarque)


F- Ela
D- Ele
* Campo Branco, Elomar
** Um girassol da cor de seu cabelo, Márcio Borges e Lô Borges
***Conto Medieval Indiano
Negrito-Domínio dela. Só dela.



Ceronha Bisonha
13 de outubro de 2010

Um comentário:

  1. "Não se afobe não, que nada é pra já, o amor não tem pressa ele pode esperar.

    Mensagens desencontradas podem resultar em um belíssimo encontro.
    bjs.

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