sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Ariela


Eu nunca entendi que a juventude lhe tenha sempre causado estranheza. O frescor da própria carne lhe apavorava, me lembro. De cedo atraída por espíritos velhos. Inclusive os velhos que morriam moços. Fui apresentada a alguns e tenho apelado pra estes. É, porque se não fazemos alguma coisa, o mínimo que pode acontecer é ela ficar bem feia de rancor.
- Vem tomar um refresco, Ariela. 
Nem sinal. Insisto:  
- Olha, aquele magrelo que tu gostas tá querendo botar o bloco na rua, que tal?
Em vão.
- Ele tá dizendo que não adianta, você ouviu?
Nada.
- Tome aqui, Seu Menino. É Sérgio, né? Uma cervejinha e o violão. Convide o Senhor mesmo. Só não vá lhe dizer que está chumbada, arreada, aquelas coisas. Faça-lhe uma graça. Quem sabe?



Ceronha Pontes
21 de dezembro de 2012




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