terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Pra você juntar



"O infinito é realmente um dos deuses mais lindos".
(Quase sem querer- Renato Russo)

Com a confiança própria da juventude, conquistou-a ainda menino cantando para ela aquele Puccini infalível. A voz enorme, segura, plena, mas suave. Bela.
Mereceu-a, no entanto, quando homem recém-feito, pelejando contra as distâncias de toda ordem. Tímido, a voz agora miúda, pois embargada, apelando ao telefone com um Renato Russo mesmo. E ela, que não é a Mônica, nem a  Maria Lúcia, ria de novo. Ria muito. Irremediavelmente entregue.



Ceronha Pontes (de Oliveira)
Recife-Pe, 31 de janeiro de 2012


MERDA!


No Festival Internacional de Artes Cênicas de Pernambuco, o Janeiro de Grandes Espetáculos, que se encerrou no último domingo (29), o Coletivo Angu de Teatro foi contemplado com sete prêmios concedidos pela Apacepe (Associação Produtores Artes Cênicas de Pernambuco). Humildemente agradecidos, festejamos, sim. E não que sejamos tolos de permitir que algum equivocado sentimento de superioridade se instaure entre nós, mas pela alegria de poder, junto aos colegas todos, celebrar o nosso ofício, a nossa loucura e persistência. Porque só nós sabemos dos abismos que enfrentamos.

                         Essa febre que não passa

                                                 foto: Rafael Escócio

                                                                                foto: Mari Frazão


                                                                               foto: Mari Frazão


foto: Rafael Escócio

foto: Mari Frazão

                                                                              foto: Rafael Escócio


MELHOR ESPETÁCULO ADULTO PELO JÚRI OFICIAL
MELHOR ESPETÁCULO ADULTO PELO JÚRI POPULAR
MELHOR DIRETOR: André Brasileiro e Marcondes Lima
MELHOR ATRIZ: Ceronha Pontes
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE: Márcia Cruz
MELHOR FIGURINO: Marcondes Lima
MELHOR CENÁRIO: Marcondes Lima

E mais duas indicações:
Mayra Waquim (atriz coadjuvante)
Nínive Caldas (atriz revelação)


Pra nós!

Ceronha Pontes
Recife-Pe, 31 de janeiro de 2012

A Magnífica Senhora H.


Meu esconderijo insuspeito, ela me ajudou a descobrir. Nesses dias em que me envergonho até do que tenho de bom, com se devesse desculpa aos outros pelo bem que encontrei a duras penas, sigo com Hilda, rio com ela e, por pouco, não volto. Nunca mais.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012



"A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida."
Vinícius de Moraes


Pés


Fim de festa no Apolo/Hermilo. E a última vez que dancei assim foi há quase 20 anos no "finado" Coração Materno, que pulsava pertinho de uma ainda romântica Praia de Iracema, em Fortaleza. Orgulhosa da façanha, venho me "amostrar" no "querido diário", dar conta de que a "veinha" aqui ainda aguenta o tranco a noite toda, pulando feito fosse a "Cumade Sebastiana". IEEEEEI!!!!
De tudo quanto tocou esta noite, marcou aquele Frevo Mulher que o Zé Ramalho fez pra Amelinha, cearense tal e qual esta que vos escreve, e acaba de me ocorrer que justamente ando me sentindo uma no meio dos mais de um milhão expulsos do paraíso. Por mim, "é quando o vento sacode a cabeleira".

simbora!


Ceronha Pontes
Recife-Pe, 30 de janeiro de 2012 

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Moléstia


Ânsia da peste! E esta dor, quando é que me erra? O Santo da vez, quem é? Seja lá, tenha dó.
Ao menos choveu. Vale a canção.



Ceronha Bisonha

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Suja e vulgar



1- Oficina Estado Intermediário, que ministrei ao lado da atriz e bailarina Helijane Rocha.  Rigorosa, sobretudo comigo mesma, termino esgotada de corpo e alma, mas com a auto-estima bem melhorada. 

 


2- Sem respiro, abrimos o Espaço Coletivo como nova alternativa de palco para o Recife. Juntos com o Grupo Experimental (de dança), que bem cuida do velho sobrado há mais de uma década, inauguramos a nova configuração (Angu/Experimental), neste dia 21, no 1º aniversário do blog Satisfeita Yolanda?, das jornalistas Ivana Moura e Pollyanna Diniz. Trabalheira medonha que resultou numa noite e tanto.


                                               Ceronha Pontes em Um Comedor de Ópio                                                             

Helijane Rocha em Ela sobre o silêncio (Foto: Camila Sérgio)

                                                                          A Festa 

3- Seguimos sem folga apresentar Essa febre que não passa (exaustivamente citada neste humilde blog) no próximo 26 de janeiro às 19 e 21h no Teatro Hermilo Borba Filho, dentro da programação do Janeiro de Grandes Espetáculos. E tome ensaio já depois da festa mesmo. Quem se importa com ressaca?


                                                                      Espaço Coletivo em obra


4- Mais Angu Mix 27 e 28 deste, sempre às 21h, lá na Tomazina 199 (Recife Antigo).

5- E isto.
6- E mais isto.
7- E mais aquilo outro.
...


N- Aí dou uma passadinha no face pra um "bom dia, minha gente!", e encontro posts de Andréa Veruska e Sérgio Pezão sobre como o mundo nos enxerga. A primeira falava da cara de simpática que se esforça em fazer quando alguns idiotas (cheios de compaixão) lhe dizem: "aaah, menina, ainda vou te ver na Globo. Quando estiveres no Faustão manda um recado pra mim." KKKKK!!!!! E o Pezão publicou a seguinte fotografia:


Caramba, se até os garotos de Liverpool...
E outro dia alguém de minha estima (se não fosse?) teve o topete de dizer que nosso trabalho não é socialmente relevante. Imaginei o desaparecimento, desde e para sempre, de tudo quanto é artista e suas respectivas obras, incluindo poetas e pensadores de todos os tempos. Imagine você também. Enquanto canto um hit do Zé Ramalho, aqui, pela Thaís Gulin, que não à toa vem a ser namorada do velho Chico. MINHA PROFISSÃO É SUJA E VULGAR! É isso "mermo"?



Beijos.
Ceronha Pontes
Recife-Pe, 23 de janeiro de 2012

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Abominável encantamento

                                                                   Ceronha Pontes/ Foto: Velma Zehd

“O que se sente? O que se vê? Coisas maravilhosas, não é? Espetáculos extraordinários? É muito bonito? Muito terrível? Muito perigoso?”
(O poema do haxixe, Charles Baudelaire)


Atiro-me numa incontestavelmente NOVA aventura, ainda que com ares de cartaz antigo. Inspirado nos Paraísos Artificiais, de Charles Baudelaire e nas Confissões de Um Comedor de Ópio, de Thomas de Quincey (a experiência deste serviu de inspiração para aquele), meu breve solo Um Comedor de Ópio volta à cena. Desta vez “reencarna” em palcos pernambucanos, dentro do Angu Mixprojeto do Coletivo Angu de Teatro, grupo que boníssima acolhida me deu no Recife.
Recuperando motivações, reelaborando a cena, potencializando o gestual, a musicalidade, buscando incansavelmente o frescor. Exercício que perpassa emoções diversas. Oscilo. Vacilo. Num mesmo ensaio tanto me dou por segura quanto por vencida. Não me economizo nas alegrias e inevitáveis dores deste nosso ofício. Ao teatro, TUDO! É feito amar.
Poeta inglês que viveu entre 1785 e 1859, De Quincey me acompanha há doze anos. Sua obra (e de Baudelaire), sua história, vício e ternura, suas agruras, ironia, inteligência, sabedoria, sua força e grande sensibilidade me ensinaram muito. Com ele (ou eles) vou acrescentando ao meu viver e "teatrar". E tudo começou quando, identificada com o corajoso e contundente discurso de Charles, isento de qualquer moralismo ao tratar do consumo de substâncias entorpecentes, me encantei especialmente com a parte dedicada ao ópio, por revelar impressionante conflito de genial poeta (Quincey) que experimenta, pela ação do ópio, a expansão de sua mente brilhante em detrimento de seu corpo, até chegar a um ponto em que um já não serve de morada ou expressão para o outro.
“Horrível situação! Ter a mente fervilhando de idéias e não poder mais atravessar a ponte que separa os campos imaginários do devaneio, das colheitas positivas da ação! Se aquele que estiver me lendo agora conheceu as necessidades da produção, eu não preciso descrever o desespero de um espírito nobre, clarividente, hábil, em luta contra essa danação de caráter tão particular. Abominável encantamento!” (Charles Baudelaire)
O comovente relato de Quincey (opiômano assumido) ilustrando o pensamento de Charles resultou irresistível para esta alma curiosa da sede humana por extinguir a dor e alcançar a felicidade plena. Além disso, o interesse estético movido pela beleza da composição de Charles e Thomas. Como construir UM CORPO QUE NÃO COMPORTA A MENTE? Isto muito atiçava a atriz que vos fala e que depois de doze anos ainda se perturba com o mote. Com exatos dez quilos a mais dentro do mesmíssimo surrado figurino e alguma paciência adquirida, me aplico nesse laboratório “antigo” à procura do que ainda não sei, dos signos que não consegui desvendar ou traduzir, reescrevendo mais uma vez em meu "corpo-cavalo" este poema chamado Thomas De Quincey.
A adaptação do texto “invade” também As Flores do Mal, de Baudelaire, bem como as suas impressões sobre a atuação do haxixe e do vinho no espírito humano, tratando ainda dos Paraísos Artificiais.
Oh, mas não esperem de Charles, Thomas e nem desta abusada que ousa intimidade com eles, acusar imediatamente o ópio. Antes ele encontra em NÓS (nem eu me agüento de tanta pretensão), DEFESA APAIXONADA. Acredito inteiramente que uma discussão respeitável e frutífera acerca de substâncias desta natureza, não pode ignorar-lhes os “benefícios”. A imensa alegria que provoca e o poder que tem de tornar infinitas as possibilidades de criação e de elevar tão alta a capacidade de sonhar, não serão combatidas com a ignorância e melindres de ordem moralista. E fique claro feito água mineral, não estamos entrando aqui (pelo menos não ainda) na atual e complexa questão do narcotráfico. Nos prendemos, e que isto nos acrescente algo de bom, ao drama de De Quincey ao admitir-se inerte, tiranizado pela alegria provocada pela substância que lhe aplacou a dor no estômago e o rendeu pela sucessão de alívios e fertilidade que proporcionou ao seu espírito. Tratamos de seu esforço sobre-humano para livrar-se de tão delicioso quanto perigoso império.
E o que diz a seguir o Baudelaire sobre a sagrada bebida, bem se aplica ao doce veneno da papoula.
“O vinho é semelhante ao homem: nunca saberemos até que ponto podemos prezá-lo ou desprezá-lo, amá-lo e odiá-lo, nem de quantas ações sublimes ou de delitos monstruosos ele é capaz. Não sejamos pois mais cruéis com ele que com nós mesmos, e tratemo-lo como nosso igual.”(Charles Baudelaire)
Evoé!
CERONHA PONTES

Angu Mix: Um Comedor de Ópio ( com Ceronha Pontes), Ela sobre o Silêncio( de Helijane Rocha), Vestido Longo (de Marcelino Freire, com Márcia Cruz e eu de novo , aff!), e mais uma apresentação surpresa a cada vez).No Espaço Coletivo, Rua Tomazina 199 (mesma rua do Burburinho, atrás da Rua da Moeda, pertinho do Paço Alfândega), 21, 27 e 28 de Janeiro, às 21h, ingressos 20 reais, CENSURA 16 ANOS.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Quando Chico Buarque voltou a cantar para ela



Luciana, não te parece perigoso ele enchendo novamente a tua casa, vazando pelas janelas, lavando as ruas até o mar? E que tu olhes o mar como quando agonizavas? Que faz ele aqui, se tinha perdido o sentido frente a um amor de outra estação que não rimasse com quimera? Amor descolorido, mas, denso, que te pôs tão inabalável, embora terna, que eu, carregado de pedras pra jogar na lua, te invejasse.
Por qual descuido, Luciana? E se te arruínas?


Ceronha Pontes
Recife-Pe, 15 de janeiro de 2012

sábado, 14 de janeiro de 2012

Perdidos


Derramou-se no caminho. Outra vez.
Não me subestime, Laura. Esta cara desolada é incompatível com teu permanente estado de recusa. 
Ele não vai conseguir, entenda. A menos que te abandone o pavor de pertencer.

Ceronha Pontes
Recife-Pe, 14 de janeiro de 2012


Escuta:

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Língua má



Pois tua vaidade voltou-se contra ti, sofro em dizer. Que é de teu ardil, que não te anunciou o "passarinho"? Ah, bichinho malvado!
E pensar que Alice zelava a distância sem se importar de ser a dona absoluta da fantasia. Era feliz sob os adornos. Era bonita. Foi isso, eu penso. Muito, muito, muito mais bonita que o "passarinho". Aí o invejoso vingou-se. Foi contando aquilo feito fosse de si, sabe como é? Alice conhecia teu repertório, não se enganaria. E o bicho sabia. Chega ria de lado, o "das penas".
Pensar que Alice zelava a distância sem se importar de ser a dona absoluta da fantasia (repito mesmo, que é pra não esqueceres, ora bolas!). Era feliz sob os adornos. Era bonita.
Viu-se tão desprezada na entonação do bicho, que era imitação da tua!
Mas tenho cá pra mim que teu abismo é raso. Enquanto ela voará.


Ceronha Pontes
Recife-Pe, 13 de janeiro de 2012




quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

AMARELA



Era uma vez, João que enganou Maria.
"Enganou" digo eu, escaldada. Vinho tinto, lua gorda. Fungado, gemido. E flor. Girassol.
Prometeu, avalie, que voltava no futuro. 
Olha lá Maria na janela. 
Quem pode dizer que é triste, se espera?


Ceronha Pontes
Recife-Pe, 12 de janeiro de 2012


P.S.:

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

"Isso também vai passar"



Apesar do quanto lhe adverti, Amarílis está "doente" outra vez. Ingenuidade crer-se imune. Um vacilo, e a ilusão se abanca. Resta a luta, day after day. Um por vez. Por enquanto essa ânsia, meu Deus, esse embrulho, os órgãos endoidecidos. Se ao menos ela vomitasse o coração...



Ceronha Bisonha
Recife-Pe, 05 de janeiro de 2012

Sem você


"Todos os meus textos são uma meditação sobre o amor e a morte. Nada me interessa, senão a história do amor. Quero sempre escrever sobre os que vivem e morrem de amor, sobre os que matam e se matam por amor. Morrer de amor é uma utopia que está cravada em qualquer coração. Ninguém ama por uma temporada. Quem ama, ama para sempre. O amor não acaba e, se acaba, não era amor. Por pensar assim é que me chamam de flor de obsessão."
Nelson Rodrigues

O Velho G desistindo me enche de tristeza, mas, não acredito que reagir lhe devolva o sentido. É contra a natureza, até. Sem a Velha M, seria porquê?



Ceronha Pontes
Recife-Pe, 05 de janeiro de 2012

domingo, 1 de janeiro de 2012

Elegante



Tenho a impressão de que dormir me faz mal. Despertam esmagados o estômago, o coração, a garganta e o cérebro. Sempre eles. 
Queria poder amarrar esta alma que me abandona e se perde na madrugada. Alma vai "lá", eu sei. Arrebenta, invade, grita, chora. Acolhe, vela. Volta. Acomodar suas derrotas num cavalo triste.
Amanheço não sabendo. Não sabendo de nada.
Do ponto de partida, todo dia, indiferente ao medo ou à fé, move-me, sem alarde, a vocação.


Alguma distração:


Ceronha
Recife-Pe, 01 de janeiro de 2012