domingo, 21 de dezembro de 2014

CLARÃO



De nome Clara Lua, tem brilho solar. Brilho e calor. Aqueceu-me de tal modo o peito, que meu coração já pode enfim se apertar e doer em bom abrigo.
Clara Lua me devolveu o gosto pelo céu aberto, restaurando o encanto do azul, inclusive o do mar. O mar que finalmente outra vez me traz notícias de Lá. 
Recolho garrafas coloridas cheias de pedaços de Clara Lua. São risadas, canções, a estampa das saias, algumas lágrimas, segredos, preces, cuidados. As ondas me trazem Clara Lua em nacos de sonhos, raspas de estrelas, pó de estrada.
Guardarei tudo que seja seu no mesmo feliz salão em que estão protegidos os vestígios de Úrsula e Nikolaj. Cada um deles já me salvou de algum modo a vida. Mesmo que nunca mais voltemos a nos encontrar, os tenho em mim, tanto quanto sou eu a lhes serenar. Por todos os séculos e séculos. 
Amém.


Ceronha Pontes

Recife-PE, 19 de dezembro de 2014